opinião

Nada é de graça, nem o almoço

data-filename="retriever" style="width: 100%;">


Todos já disseram ou ouviram a máxima que não existe almoço de graça. A conhecida frase surgiu, nos Estados Unidos do século 19, quando era prática de alguns restaurantes oferecer "um almoço de graça", uma vez ao mês, para aqueles que, porventura, consumissem bebidas no local. Não demorou, é claro, para que se deduzisse o óbvio: tratava-se de uma propaganda enganosa (ou fake news, como preferem atualmente). Ou seja, o preço do almoço estava incluído no valor das bebidas. Assim, o que muitos tentam não ver - seja por ideologia, inocência/burrice ou má-fé - é que tudo (absolutamente tudo) tem um preço. E se você não o pagar, um terceiro irá arcar com a generosidade feita com o chapéu alheio. 

Leia mais colunas de Marcelo Martins

Dessa maneira, pipocam os exemplos de benevolências concedidas por quem não respeita o dinheiro público: a classe política. O mais emblemático deles é o transporte coletivo onde há um sem-número de gratuidades. Tamanho pacote de bondades, que isenta de pagar servidores públicos, estudantes, idosos, etc., é cobrado de duas formas. Ou pelo usuário que utiliza o transporte e que precisa pagar a conta dos que andam de graça ou, então, cabe ao poder público abrir as torneiras dos cofres para dar subsídios às empresas. De qualquer jeito, como se pode ver, alguém precisa quitar o débito.

Vivemos tempos de discursos altruístas, romanceados e utópicos - todos, na maioria das vezes, usados por políticos oportunistas -, em que cabe ao Estado tudo provir. De fato, isso é, em parte, verdade. Educação e saúde são os exemplos disso.

Primeiro, porque a educação é libertadora e é o cartão de apresentação do cidadão ao mundo e, por tabela, aquele que seja uma mão de obra qualificada, cedo ou tarde, ajudará o Estado a se desenvolver enquanto nação. E a saúde, ainda que possa ser considerado um bem intangível, é a condição número um para que o cidadão, principalmente o pobre, possa tocar de forma digna a sua vida.

Mas como não há catraca no dinheiro alheio, o governo dá passagem à gastança do que é arrecadado com o nosso suor de cada dia. Prova disso são os subsídios junto à chamada linha branca (para a compra de carro ou de eletrodomésticos). Você realmente acha cabível que tenhamos de ajudar a montar a casa de terceiros ou 'motorizar' tantos outros?

Quando o tema é teto ou terra, o que não falta é gente disposta a invadir (ou "ocupar", um eufemismo utilizado com frequência pela patrulha) a propriedade alheia. Porém, milhões de pessoas vivem uma vida inteira pagando aluguel - em meio a dificuldades financeiras e orçamentárias - e nem por isso elas se acham no (falso) direito de invadir seja uma propriedade privada ou pública.

Quando o Estado decide, com sua caneta altruísta, conceder o benefício que for - seja na linha branca ou a empresas dos mais variados segmentos -, ele está distribuindo o seu, o nosso dinheiro (que é público) a meia dúzia de afortunados.

No livro mais antigo da humanidade, já foi dito que "ganharás o pão com o suor do teu rosto". Alguns, contudo, relutam em aceitar essa verdade. 

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Obra do Calçadão não tem garantia de ser concluída Anterior

Obra do Calçadão não tem garantia de ser concluída

Para romper com a ignorância, leia (e muito) Próximo

Para romper com a ignorância, leia (e muito)

Marcelo Martins